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Saúde no trabalho: por que as pessoas adoecem?

Atualizado: 26 de jun.


homem trabalhando de pé no computador


Vivemos um tempo em que falar sobre saúde mental se tornou não apenas necessário, mas urgente. O tema, que por muito tempo foi relegado ao silêncio ou tratado com estigmas, hoje ocupa com merecida relevância os espaços de diálogo em nossa sociedade. E quando pensamos na saúde no contexto do trabalho, estamos tratando de algo ainda mais amplo: estamos falando da saúde integral das pessoas, de seus corpos, de suas emoções, de suas relações e de seus projetos de vida. Trabalhar deveria ser uma experiência capaz de dar sentido à existência, de fortalecer o sentimento de pertencimento, de oferecer reconhecimento e realização. Contudo, não são poucos os casos em que o ambiente de trabalho se converte em um espaço de desgaste contínuo, um território no qual o adoecimento se instala de forma silenciosa, muitas vezes imperceptível no início, mas profundamente corrosivo com o passar do tempo. Fatores físicos, emocionais, organizacionais e sociais se entrelaçam e geram impactos que ultrapassam os limites do expediente e invadem a vida. O que deveria ser expressão de dignidade, criatividade e colaboração, muitas vezes se transforma em fonte persistente de sofrimento, de medo e de esgotamento.


Quantas pessoas conhecemos que já adoeceram por causa do trabalho, mas nunca disseram uma palavra sobre isso? Que tipo de cultura estamos alimentando quando normalizamos ambientes laborais nos quais sobreviver se torna mais importante do que viver com plenitude?

Nas últimas décadas, temos encontrado na literatura nacional e internacional, reflexões sobre os efeitos nocivos de ambientes de trabalhos que causam prejuízo à saúde das pessoas. Estresse crônico, ansiedade, depressão e esgotamento profissional são alguns dos diagnósticos mais frequentes entre trabalhadores de diferentes setores. Esses agravos, muitas vezes invisíveis aos olhos de gestores e das próprias instituições, manifestam-se como resultado de dinâmicas complexas, como a sobrecarga de tarefas, a falta de reconhecimento, a ausência de autonomia, o assédio moral e a insegurança quanto à continuidade do emprego. Essas condições fragilizam a saúde mental e comprometem a produtividade, as relações interpessoais e a capacidade de resposta emocional dos profissionais.


Muitas pessoas enfrentam imensas dificuldades para reconhecer e lidar com os efeitos de um ambiente de trabalho nocivo. Por medo de represálias, de perderem seus empregos ou de parecerem frágeis, tendem a internalizar o sofrimento, normalizando sintomas como fadiga persistente, insônia, irritabilidade ou sensação de inutilidade. A cultura de silenciamento, desqualifica as manifestações emocionais e reforça a ideia de que é preciso suportar tudo em nome da responsabilidade e da eficiência. Com isso, o sofrimento psíquico se intensifica, tornando-se crônico e, muitas vezes, levando a quadros mais graves de adoecimento. Faltam espaços seguros de escuta e acolhimento, bem como estratégias institucionais que favoreçam a expressão legítima do desconforto e a busca por apoio.


No Brasil, essas questões ganham contornos ainda mais dramáticos diante de um contexto de precarização das relações de trabalho, escassez de políticas efetivas de proteção e de uma cultura institucional ainda incipiente no que diz respeito à valorização da saúde mental. Apesar da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), instituída em 2012, reconhecer o trabalho como um dos determinantes sociais da saúde, ainda não estamos numa situação confortável. É preciso garantir o acesso integral e equitativo dos trabalhadores às ações de promoção, prevenção e atenção em saúde. É preciso entender que cuidar da influência de agentes químicos, físicos ou biológicos sobre a saúde é insuficiente. É preciso incorporar os aspectos psicossociais e organizacionais que afetam profundamente a saúde mental dos trabalhadores.


Fora do Brasil, observam-se movimentos similares, ainda que em algumas nações os avanços em termos de legislação trabalhista, programas de bem-estar corporativo e acompanhamento psicossocial sejam mais significativos. Em países como Japão e Coreia do Sul, por exemplo, o termo karoshi, que significa “morte por excesso de trabalho”, tornou-se um alerta internacional sobre os limites do corpo humano diante de exigências laborais desumanas. Por outro lado, em países nórdicos, têm sido desenvolvidas políticas de conciliação entre vida pessoal e profissional, evidenciando que o cuidado com a saúde no trabalho é também uma escolha política e cultural.


O que se percebe, em todas as realidades, é que o adoecimento no trabalho não se limita à dimensão física: ele afeta o sentido de identidade, de autoestima e de pertencimento das pessoas. Trata-se de uma experiência que corrói lentamente o entusiasmo e o vigor, substituindo-os por um cansaço que não se cura com o descanso. Um sofrimento que, muitas vezes, é silenciado por medo de represálias ou por não encontrar espaços legítimos de acolhimento e diálogo.


O bem-estar no trabalho não deve ser visto como um luxo ou um benefício eventual, mas como um direito humano fundamental, intrinsecamente ligado à dignidade.

Promover ambientes laborais saudáveis é uma responsabilidade coletiva que envolve empregadores, gestores, trabalhadores e políticas públicas. Requer sensibilidade para escutar, coragem para transformar práticas cristalizadas e compromisso com o cuidado em sua expressão mais ampla.

 
 
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